Saber dosear a vida, entre trabalho, família e amigos, é das coisas mais complicadas que pode haver. Quando este equilíbrio não existe, acabamos por perder. Eu tenho perdido! A minha dedicação ao trabalho tem sido de 101%. Faço-o porque, além do privilégio que é fazer o que se gosta, odeio falhar. Até aqui tudo bem, não fossem alguns detalhes. Hoje, dia de folga, dei por mim a olhar para a agenda, por sinal vazia, sem nada para fazer. E quando digo nada, refiro-me a algo descontraído, divertido, como ir ao cinema, estar com amigos, jantar fora, sair, etc. O dia foi passado a vegetar frente à TV, com um olho aberto e outro semicerrado. Entre as horas que foram passando, troquei algumas mensagens, daquelas que nunca deixo de enviar às pessoas que me são queridas, esteja assoberbada de trabalho ou não. Curiosamente, não recebi um único convite. Se fiquei triste? Não, não fiquei. Isto é a prova de que ando a falhar. Ou será que não!? Não sei. Apenas sinto que sou cada vez mais a C., sempre a correr, com imensas coisas para fazer, sem tempo para nada. Esta é, com toda a certeza, a ideia que os outros têm de mim. E que é, em parte, acertada. Sinto um vazio imenso no campo social. Não tenho coragem de ligar seja a quem for, a fazer-me de convidada ou disponível. Não gosto de o fazer, e mesmo quando o faço sinto-me desconfortável. Atenção que não me estou a lamentar, apenas a exteriorizar algo que tenho vindo a sentir e que me deixa preocupada. Recorrendo a uma figura de estilo, diria que sou a verdadeira construtora civil, em pleno deserto. Ando a carregar baldes e baldes de areia, dia após dia, na tentativa de construir um oásis que, depois de concluído, não sei para que servirá, uma vez que ao meu redor não terei nada além do deserto onde me refugiu todos os dias.
Até amanhã ou depois!