terça-feira, 27 de maio de 2008

Reflexões

Parece apanágio, mas a verdade é que todos os momentos que tenho para aqui deixar um testemunho, são aqueles em que tento abstrair-me de algo, em consequência de algum cansaço acumulado. Depois de seis horas de reunião, eis que me sento frente ao portátil, após uma refeição ligeira, para verificar e-mails e dar uma espreitadela a alguns sites que, por hábito, gosto de coscuvilhar. Não sei ao certo o que escrever, mas as palavras vão surgindo ao sabor da lentidão com que dedilho o teclado.
Hoje foi um dos dias em que várias coisas me assaltaram o pensamento. Coisas essas como pessoas, sentimentos e experiências passadas.
Dou por mim a envelhecer e a crescer. É a lei do Homem. Ainda que os anos passem, sei que tenho muito para aprender, enquanto mulher, profissional, amiga e amante. Cada dia que passa vou folheando mais uma folha deste meu livro, desta minha vida. Não sei quantas mais páginas me esperam, mas sei que muitas das que passaram foram rasgadas e maltratadas por mim. Não por descuido, mas por ingenuidade. Um dia, quando o meu livro se fechar, sei que não vou deixar um grande legado. Por teimosia, insisto em não ter cuidado no trato que dou a este livro. Consciente, cometo repetidamente o mesmo erro. Já é tempo de parar e estimar o que tenho. Eu.
Tento dar sem o intuito de receber, mas acabo por ser ressarcida com um pouco de nada. Tento estar à altura das necessidades dos que me rodeiam, mas acabo sempre por cair de tão alto que subo. Vou tentando agarrar a aragem de felicidade que por vezes sinto tocar-me, mas quando dou por ela, já se foi, partiu. Resta-me a esperança no amanhã, nas páginas de um livro escrito, mas cujo conteúdo futuro desconheço. Por hoje, vou continuando a ser quem sou. Alguém com ambições comedidas e transversais ao comum dos mortais.
Que não se pense que estou triste ou melancólica, porque esses estados de alma são demasiado íntimos para os expor aqui. Este é um texto de reflexão, que vos quer deixar a pensar no valor que temos perante quem nos rodeia.






Imagem CS

Até amanhã ou depois!


quarta-feira, 21 de maio de 2008

Os meus amores

Há dias assim, em que nos sentimos cansados. Eu sinto-me cansada. Quando regressava para casa, depois de um dia mentalmente preenchido, pensava o quanto me iria saber bem chegar ao meu canto e encontrar algo ou alguém que me ajudasse a desligar do turbilhão de assuntos resolvidos e por resolver. Desviei caminho e fui tratar um pouco de mim. Pouco faltava para bater as 21h quando meti a chave na porta. O meu olhar fixou-se nos dois Seres que todos os dias me esperam, seja de dia ou de noite, cedo ou tarde. É certo que não falam, que não me ajudam a fazer o jantar, que não me dão uma massagem, que não me perguntam se quero ou não falar. Mas que importa isso se elas estão sempre lá, sempre.
Por minutos esqueço-me de tudo, porque lhes dedico o melhor de mim, com todo o carinho e atenção. E elas, elas reconhecem o amor que lhes tenho. Apesar das traquinices, não deixam de mostrar afecto, ainda que por vezes seja em demasia.
Como disse, estou cansada. Vou deitar-me com a certeza que alguém me fará companhia nesta noite. Elas, as minhas fieis gatas, vão aninhar-se em mim e adormecer ao som das batidas do meu coração, sempre melodioso quando próximo dos que amo. Nem todos conseguem ouvir estas batidas, como elas ouvem e sentem a cada dia que passa.



Imagem CS (Lopo)
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Imagem CS (Manu)






Até amanhã ou depois!

domingo, 18 de maio de 2008

Há dias assim

Este texto foi escrito no dia 9 de Maio de 08, mas só agora o vou publicar porque…esqueci de o fazer na altura certa. A velhice tem destas coisas.

Sinto-me cansada, pelo dia de hoje e, antecipadamente, pelo que me espera amanhã – casamento do mano.
Acordei cedo, eram 07h. Duas horas depois rumei até ao HSM para uma consulta. Tinha hora marcada. Cheguei em cima do tempo, às 10h30m. Corri que nem uma louca até ao edifício de consultas, mas quando entrei, deparei-me com uma fila imensa de pessoas, que aguardavam a vez para marcação. O calor que se fazia sentir na sala era tremendo, depressa tirei o casaco e fiquei em mangas de camisa. Esperei mais de meia hora até chegar ao guiché. Escusado será dizer que não havia uma única cadeira para me sentar, muito menos, espaço para puder aguardar na dita sala de espera. Senti-me a desfalecer. Fui até à enfermaria e pedi que me medissem a tensão. Sentei-me numa poltrona, num ambiente muito mais fresco e mais descoberto. A tensão estava baixa. A simpática e muito jovem enfermeira resolveu chamar a minha médica que, prontamente, veio ao meu encontro. Tentei explicar que a quebra de tensão deveria estar relacionada com o calor e a confusão que se fazia sentir lá fora, na exígua sala, onde mais de 100 pessoas esperavam por uma consulta. A minha médica insistiu para que comesse umas bolachas e bebesse um chá. Mais uma vez insisti que tinha acabado de tomar o pequeno-almoço, que não estava com fraqueza. Depois de muita insistência, acabei por dar dois ou três golos no chá e comi uma bolacha. Passados dez minutos fui chamada à consulta, onde permaneci por cerca de uma hora. Não foi uma hora de consulta, porque durante 20 minutos andei às voltas com o computador e impressora do gabinete, que estavam encalhados. Em suma, algo vai muito mal naquele hospital. As condições para receber os doentes são péssimas e as novas tecnologias, que deveriam acelerar o tempo de espera dos utentes, deixam muito a desejar.
Mas a saga não se ficou por aqui. Eram 12h e fui a correr ao meu local de trabalho levantar um DVD para levar para uma reunião que tinha agendado para as 15h. Entretanto, e porque tinha de almoçar, resolvi ir até casa dos pais. Comi de rompante e rumei até ao local da reunião, que demorou duas horas. Às 17h corri os corredores da Zara para comprar algo para o tal dia de amanhã. Depois, sapataria, por fim, cabeleireiro. Cheguei a casa já passava das 21h, o telemóvel não parou de tocar. Sempre assuntos de trabalho. Eram 22h e consegui sentar-me para jantar.




Imagem CS







Até amanhã ou depois!

Wedding

E pronto, o meu mano casou. Já lá vai uma semana desde o dia. Não quero e não vou entrar em lamechices, apenas quero dizer que nunca fui apologista do matrimónio, de toda a sumptuosidade envolta neste tipo de festa. Defendo que a união entre duas pessoas deve ser feita com base no amor, na entrega e no respeito, sem lugar a papéis assinados e anilhas no dedo. Mas respeito quem pensa assim e sempre teve esse secular sonho, o de casar. O meu irmão estava elegante, com o seu fato em cor pérola, mas com uns sapatos horrendos. A calma que ele transparecia contrastava com os nervos miudinhos dos pais e dos padrinhos, do noivo e da noiva. Eu, eu estava na expectativa. Sabia que não me iria comover, nem nada que se parecesse. Quando a marcha nupcial começou, um manto de luz encheu a igreja. De braço dado com o pai, a minha cunhada foi entregue aos braços do seu futuro marido. A cerimónia foi curta, com momentos únicos, como a dificuldade e atrapalhação do mano em colocar a aliança apertada no dedo da sua esposa. A risota foi geral.
Seguiu-se a sessão de fotografias, desejada por muitos e perfeitamente dispensável para outros. Confesso que o único momento em que realmente me comovi foi na hora em que o meu mano me abraçou. Mas não chorei, apenas lacrimejei um pouco. Acho que me deve ter entrado um cisco no olho!
Em suma, tenho a dizer que mesmo não gostando de casamentos, este foi especial. A minha cunhada estava deslumbrante, uma verdadeira princesa, tal como o seu marido, um príncipe. O dia correu bem, os noivos estão por esta altura em Punta Cana, num resort maravilhoso.
Que esta união seja eterna, como o meu amor por eles.




Imagem CS

Até amanhã ou depois!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Uma Arlinda Mulher

Este fim-de-semana, que por sinal foi bastante preenchido, a minha laranja-metade resolveu ir ao baú e desencantou algumas músicas que brindaram o seu passado recente de boas recordações. Em jeito de homenagem à banda, infeliz e tragicamente desaparecida, deixo aqui a música, pintada com algumas imagens minhas, também elas de um passado muito recente! Claro que esta é também uma pequena surpresa para o meu citrino!

Até amanhã ou depois!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Alentejo

No Alentejo sacia-se o olhar, o tacto, o gosto e o paladar. Dizem que é o tesouro escondido de Portugal, mas um tesouro fácil de descobrir.
É com toda a certeza uma descoberta aprazível aos cinco sentidos. A ruralidade traça-lhe o jeito. E os vestígios de vidas passadas conferem-lhe o traço. O património é vasto. Da arqueologia se pode falar, seja de antas, aquedutos, grutas ou cidades fortificadas silenciadas pelo tempo.
Um olhar mais atento depressa junta o megalítico ao romano, a tradição árabe à judia, o património religioso ao património natural. É assim o Alentejo, onde várias culturas se cruzam. É terra de romanos, mas também chão outrora de mouros. Os mesmos mouros arquitectos das típicas ruelas e dos famosos tapetes de Arraiolos.
Das imponentes igrejas, castelos e centros urbanos, o Alentejo exibe sem modéstia o legado conquistado por quem já partiu, mas deixou marcas na alma das gentes que vivem devagar, como se deleitassem cada momento que o tempo ameaça apagar. O mesmo tempo que passa pelas adormecidas fortificações do Guadiana, Elvas, Mértola e Marvão.
O povo das extensas planícies douradas, dos montes, da serra e do mar, preservam a sua religiosidade. As edificações religiosas mantêm-se, na sua maioria preservadas e visitáveis.
Falar do Alentejo é falar dos 165 quilómetros de costa. Calcorrear Troía até Odemira. Aproveitar o extenso areal de 47 quilómetros a norte, ideal para o forasteiro banhista.
Mais agreste, a zona sul costeira apresenta cenários convidativos ao recatamento, entre falésias e o mar. A natureza preservada é ponto de passagem e menção obrigatória. Existem 3 parques naturais e uma reserva natural. Esta última, a do Estuário do Sado. Os parques são o Vale do Guadiana, Sudoeste Alentejano e Costa Vincentina e Serra de São Mamede. Atractivos de excelência são as condições naturais que a região oferece, como é o caso de Montargil até Santa Clara, para a prática de desportos da natureza. Os vários cenários de albufeira proporcionam momentos de comunhão com a mãe-natureza, seja em passeios de canoagem, como em passeios a pé ou a cavalo.
Existem, nesta pátria plantada no coração de Portugal, hábitos, costumes e culturas que assinam a região.
Das velhas artes, ainda trabalham as mãos sábias que dão vida ao artesanato por muitos cobiçado, como os tapetes de Arraiolos ou os tapetes de tear, naturais de Portalegre. Do barro, moldado pelos dedos de quem sabe, nascem as loiças de Nisa e os pratos do Redondo. Deste extenso cardápio também vigoram as rendas, os vimes ou os cobres.
Pelo estômago se aguça a vontade. A cozinha alentejana herdou saberes e sabores apetecíveis, proporcionando um dos maiores prazeres da vida. O pão é rei, sempre presente nas açordas, migas, fatias douradas e ensopados. E o azeite é imprescindível na confecção de grande parte dos pratos que, por norma, emanam o aromatizado de ervas de cheiro.
Nas entradas, queijos e vinhos alentejanos, o fumeiro tradicional e muita vontade de degustar, lentamente, cada uma destas iguarias. Só assim se sabe o Alentejo.
Nem sempre a mesa foi farta na casa do povo alentejano, mas hoje, onde a míngua de outros tempos imperou, os repastos são senhores de uma cultura sem fim.

Ass: CS






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Até amanhã ou depois!

A minha Avenida

Hoje, calcorreava eu a Av. 5 de Outubro, em Lisboa, a caminho de uma reunião de trabalho, quando dei por mim a pensar nas vezes que por ali já havia passado. É incrível a vida que as voltas dá. Lembro-me de passear por aquela artéria em miúda, de mão dada com a minha mãe. Recordo-me das vezes que por ali passei a caminho do Hospital Curry Cabral, da entrada das antigas instalações da RTP, da pastelaria onde era costume ir comprar um bolo. Passados tantos anos, esta grande rua lisboeta continua a acompanhar o meu percurso de vida. A TV do Estado mudou de lugar, a pastelaria já não existe e raramente recorro ao hospital da zona. Ainda assim, é nesta avenida que trabalho e onde encontro mensalmente a minha terapeuta.
As pedras daquela calçada sabem muito de mim, mais do que eu. Já me viram chorar, rir, desesperar e almejar. Há lugares assim, que sempre nos acompanharam, que nunca deixaram de fazer parte do nosso dia-a-dia, mas aos quais não lhe atribuímos importância. O mesmo acontece com algumas pessoas, aquelas que estão sempre ao nosso lado, mas que só lhe damos a devida importância quando um dia deixam de estar. Ao longo destas (quase) três décadas de vida, foram muitas as personagens que se cruzaram no meu caminho, naquele caminho, sem que soubessem quem sou. Como a vida, aquela avenida é apenas um local de passagem, que nos dá acesso a um destino. Muitos de nós trilhamos o mesmo percurso, mas só nos damos conta quando nos encontramos, um dia, na mesma esquina.
Quantas vezes vamos a par com alguém sem dar-mos conta desse mesmo alguém? Quantas vezes somos cegados pelo sol e deixamos de ver o brilho interior de quem nos acompanha? Quantas vezes optamos por atalhos que nos levam a lado nenhum? Quantas vezes caímos no mesmo buraco? Quantas oportunidades temos de trilhar este mesmo caminho?




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Até amanhã ou depois!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Meu mar

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Há sítios especiais, como este, o Guincho. É no mar onde espraio o olhar, onde lanço meus medos, tristezas, alegrias e ânsias. É aqui que retorno sempre que posso, ainda que não tantas quantas desejaria.




Até amanhã ou depois!

Curioso

Hoje acordei estupidamente indisposta. Para ser verdadeira, até nos sonhos me senti enjoada, com palpitações, suores e afins. Quando olhei para o relógio reparei que ainda era cedo, que tudo estava calmo, até as minhas gatas que, por norma, ao raiar do sol teimam em vaguear pela casa. Eram 06:34m. Virei-me para o lado oposto e tentei retomar o sono, mas não consegui. A Manu, uma das minhas gatonas, acordou e apercebeu-se que algo não estava bem. Ela, pouco dada a demonstrações de afectos, veio ao meu encontro, fintou-me o olhar, aproximou-se mais e ficou ali, assim, uns bons 5 minutos a rasgar-me os pensamentos. Não resisti, nauseada, tive que me levantar e fazer um chá, pois a má disposição não me largou, assim como a Manu, que seguiu todos os meus passos, enquanto a Lopo, a gata reguila de casa, dormia profundamente. Depois de umas incursões ao WC, lá consegui estender-me na cama e dormitar um pouco.
Os compromissos profissionais obrigaram-me a fazer alguns telefonemas, a enviar e a verificar e-mails. A Manu não me desamparou por um minuto, nem mesmo agora, enquanto escrevo este post. Tem estado sentada a meus pés, a olhar-me, como se quisesse dizer algo, como se estivesse de sentinela a proteger-me. De quando em vez salta para cima de mim e roça-se, a pedir e a dar mimo. Não sei expressar o que sinto, porque esta não é uma gata comum, é muito selectiva e raramente dada a actos de afeição. Até hoje, apenas conheço uma pessoa por quem a Manu nutre e expressa um amor imensurável – é alguém que ambas partilhamos e ama-mos, embora de forma diferente (como é óbvio)! Mas a verdade tem de ser dita, não posso descurar que a cumplicidade entre nós, Manu e eu, também existe, mas nunca a senti como hoje.
É incrível, eu, que nunca nutri especial amor por gatos, hoje vejo-me responsável por duas criaturas lindas, que me enchem o coração a cada regresso a casa. Quis o destino e duas amigas, que um dia a Lopo e a Manu entrassem cá em casa, com pouco mais de um mês de vida, para nunca mais saírem.
Com a ajuda do alguém especial atrás mencionado, tenho aprendido a cuidar e a acarinhar estes dois seres lindos que me dão dores de cabeça, mas muitas mais alegrias.




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Até amanhã ou depois!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Blogar

Este não é o meu primeiro blog, pois a estupidez alheia obrigou-me a fechar a janela digital de outros tempos. Se há coisa que gosto de fazer, é escrever. Aliás, a escrita é o meu ganha-pão.
Vou confessar, para quem não sabe, que nunca fui grande espingarda na disciplina de Língua Portuguesa. A bem da verdade, as médias que rondavam os 16 / 17 valores são consequência desse amor / ódio pelo português. Vá-se lá saber porque razão, a vida atirou-me para o mundo das palavras.
Gosto de passar para o papel opiniões, emoções, cheiros e sensações.
Durante muito tempo pensei que era viciada na escrita, porque não passava um dia sem rabiscar algo. Prova disso são as centenas de páginas pintalgadas que guardo religiosamente. Depois, não sei explicar, comecei a deixar a escrita viciada.
Devem estar a perguntar:
“mas que quer ela dizer com este relambório?”
Quero apenas justificar a minha ausência neste blog.

Poderia escrever sobre imensa coisa. O mundo e a vida não param. Mas sinto que a minha vontade de expressar ideias e posições é cada vez menor.
Dá-me prazer passear por outros blogues, de ver o que dizem e pensam os seus autores. Ele há blogues muito pessoais, outros mais pró-activos e de denuncia.
Pessoalmente, gosto de blogues intimistas. É um desafio acompanhar a escrita de alguém que não se conhece. Permite-nos imaginar, viajar, retratar um Ser desconhecido. Dá-me gozo, confesso!
Depois, depois também é um modo de espairecer e colocar de lado, nem que seja por uns minutos, os nossos problemas, os problemas da sociedade universal. Chamem-me coscuvilheira. Não me importo. Mas gosto de ler quem desconheço. E não, que não se pense que sou imune ao que se passa à minha volta, mas sabe tão bem fazer off de quando em vez!






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Até amanhã ou depois!