sábado, 29 de novembro de 2008

O que há em mim é sobretudo cansaço

Hoje não me apetece escrever, vou socorrer-me das palavras de um mestre para expressar o que sinto, com um dos poemas que mais aprecio!

"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:Cansaço assim mesmo, ele mesmo,Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -Essas e o que faz falta nelas eternamente -
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -Três tipos de idealistas, e eu nenhum
deles:Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,

Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...E o resultado?

Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,Cansaço..."

Álvaro de Campos

IMG DR

Até amanhã ou depois!

1 comentário:

Sara M. disse...

que falha, nao conhecia (ou não me lembrava) deste poema. e que falha pq gosto. diz tanto.

e n sei mto mais o q escrever..

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