A primeira meta foi ultrapassada. Regressei a casa e aos poucos fui retomando a normalidade de um dia-a-dia. Os primeiros tempos de pós-operatório foram conturbados. Tinha medo de encarar as pessoas, fossem elas família, amigos ou conhecidos. Se por um lado queria estar acompanhada, por outro, escondia-me. As dores e as náuseas eram mais que muitas, mas sabia que não me podia entregar ao facilitismo que era o de lamentar a minha condição. É verdade, estava mais carente, pedi muitas vezes atenção, mas aos poucos fui erguendo a cabeça e encarando a vida, tal e qual como sou/fiquei. Os dias que se seguiram foram aterradores. Pela primeira vez, em dez anos de jornalismo, descobri qual a sensação de estar desempregada. Mais uma muralha desabou sobre mim. Cedi, chorei e desesperei. Deixei o orgulho de lado e vi-me obrigada a pedir ajuda. Ainda que essa mesma ajuda não fosse a necessária, não deixei de olhar em frente.
Alguns meses depois, voltei a ver o sol brilhar. Por agora limpo os escombros e tento reerguer o que a tempestade destruiu.
Acredito que quem me lê deverá, por esta hora, interrogar-se do porquê deste texto. Respondo directa e friamente: Porque não devemos temer o que há muito está traçado. Porque não devemos desistir de lutar, apesar das adversidades. Porque a vida existe e é para ser vivida. Porque todos nós somos detentores de uma força imensurável.
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Até amanhã ou depois!