domingo, 15 de fevereiro de 2009

Tudo se resume, até a amizade!

No final, tudo pode ser nada. Esta é a resolução possível, apesar do esforço em tornar o nada em qualquer coisa. Constactação de uma realidade fria, que sempre foi isso mesmo, realidade.
Um dia estamos satisfeitos com a vida que levamos. Temos casa, carro, trabalho, etc. O necessário para ter algum conforto material. Depois, depois temos aqueles a quem chamamos de “amigos” - acho piada à definição atribuída por cada um à amizade. É aqui que reparo na distância que existe entre as pessoas.
Intriga-me o facilitismo com que batizamos qualquer pessoa de amigo.
Cada vez mais os conceitos se misturam e as necessidades prevalecem. É como se perdessemos o verdadeiro significado e sentido das palavras, em prol das necessidades momentâneas.
Saímos um dia e conhecemos a pessoa “x” e a “Y”. Na manhã seguinte passam a ser os nossos amigos. Atrás do “X” e do “Y” vêm os amigos deles, que passam a ser, também, os nossos amigos. E assim se vai construindo uma cadeia de amizades de ocasião, onde não há espaço, nem tempo, para o conhecimento mútuo.
É tão mais fácil ignorar a nossa identidade, do que fazer prevalecer o que realmente somos, queremos, sonhamos, ansiamos, e muitos mais “amos” que não têm fim. Parece tão mais simples viver para dentro, exteriorizando quem não somos para fora. Mas depois chegam aqueles momentos em que olhamos à nossa volta, e, com lucidez, reparamos que afinal aquelas pessoas não nos dizem nada, porque não nos conhecem. Neste momento, neste verdadeiro e sentido momento, sabemos que a amizade existe. E que quem nos conhece, quem nos ama, quem nos quer tão bem como a si, está onde sempre esteve - fruto de uma entrega, que não momentânea, mas que tantas vezes relegamos para segundo plano.
Que bom seria se tudo fosse assim tão simples, não é? Os finais por vezes são duros, de difícil degustação. É que aqueles que pensamos estarem disponíveis para quando queremos, também têm necessidades. Também sentem e são Humanos. Precisam que o amor que têm por “ti” seja alimentado, para não padecer de desnutrição.

Nota – Este texto não se trata de uma observação facciosa, nem radical. As amizades têm de crescer de alguma forma, sendo que a “X” e a “Y” podem converter-se em verdadeiras amizades. Mas poucas são as vezes em que assim acontece.
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Até amanhã ou depois!

3 comentários:

Sara M. disse...

e vemos amizades que julgávamos eternas morrerem sem nada podermos fazer. e vemos outras crescer sem estarmos à espera.

mas no fundo, todos nós, por vezes, nos sentimos tão sós entre a multidão.

Analog Girl disse...

Concordo contigo. Dificilmente consigo intitular uma pessoa de minha amiga até haver já um vasto currículo relacional entre nós.

Queria só acrescentar algo a consolidar esta opinião. Concordo plenamente com a necessidade de haver um conhecimento profundo de alguém para sermos seus amigos, aceitar as pessoas com os seus defeitos e o seu feitio. Mas mesmo isso nem sempre acontece. Recordo-me frequentemente de uma pessoa que considerei amiga durante muito tempo, e, de certo modo ainda a acarinho, mas de quem não me sinto confortável em me aproximar mais. Já a conhecia extensivamente e a certa altura o encanto e a amizade perderam-se.
Para concluir esta ideia, creio que também há aqueles amigos de quem nos temos de despedir, de quem já não faz sentido haver uma relação, precisamente porque os conhecemos bem demais. E sabemos que nem sempre nos fazem bem, apesar de haver ainda um sentimento verdadeiro por detrás. Talvez esse também seja um gesto de amizade.

whitesatin disse...

Only Words,

A minha caminhada é solitária. Acontece naturalmente que surgam afectividades pelo caminho, que me vão enriquecendo o ser, e a quem eu também enriqueço, através da partilha descomprometida, nos cruzamentos e entroncamentos da vida. Mas no fim, serei sempre eu, somente eu, ser individual, a trilhar o meu caminho, e os outros cada um trilhando o seu próprio percurso.
A vida é a soma das partes, não a divisão do todo. Dependendo da forma como damos e como recebemos.

Um abraço, my friend :)