domingo, 24 de maio de 2009

Passam amanhã dez anos desde o dia em que dei entrada no HSM, com uma doença muito grave. Pesava 34 quilos. Nesse dia pensei que o futuro seria uma utopia. A vontade de lutar pela vida era nula.
Ao entrar no internamento, a primeira pessoa que me lembro foi uma rapariga que, apesar da aparência meiga, ostentava um semblante distante e de sofrimento. No seu olhar, um pedido de ajuda dissimulado. Foi no dia 25 de Maio de 1999 que conheci aquela a quem chamo de "mana". Foi por ela e com ela que venci/vencemos a batalha. Foram 3 meses enclausaradas entre 4 paredes. Três meses que valeram as nossas vidas.
Perdoem-me, mas não vou adiantar muito o tema.
Ainda assim, deixo aqui algo que escrevi em Maio de 2006.


Foi assim

De olhos prostrados no passado, ergo os braços em pedido de auxilio, na esperança que alguém toque meus dedos, minhas mãos e se apodere de mim

Sonho com o brilho e a atenção dos olhos que um dia vi

Levito nas palavras e lembro nossa história, lembro de ti

Surgiste do nada, do tudo que Deus nos deu

Cruzaste meu corpo, o corpo que fervilha quando penso no ontem, na certeza da partida eterna

Disse não, disse que sim, que sempre irias morar aqui

Ignorei todas as desventuras, fraquezas e fracassos

Apertei-te contra o peito e senti o adeus que tanto querias

Encheste minha fonte seca

Eu, eu reguei-te para floresceres

Quanta lágrima seca minha pele sentiu

Quantas flechas te atirei

Acertei, acertei no alvo, no âmago belo que és

Tantas e tantas vezes a lua alumiou meu caminho, só para te sentir respirar

E o sol, aquele que te cobria nas manhãs que não desejavas?

Lembraste? Não, não era o sol que te aquecia, era eu, deitada no leito, aconchegando nossos esqueletos, aquecendo teu corpo gélido, sedento de amor, carinho e amizade.... apenas tudo o que te podia dar minha amiga, minha irmã, meu amor e talismã!



Até amanhã ou depois!

10 comentários:

Irina A. disse...

Minha querida Only, julgo perceber do que falas.
Mas como não queres adiantar assunto, também não sou eu que o vou fazer.
Só te quero dizer que a esperança é a última a morrer, e que dou muito valor a pessoas que tal como tu, lutam muito para saltar por cima destas pedras que nos aparecem no caminho.

Se tiveres passado por aquilo que estou a pensar, quero que saibas que tenho um grande exemplo em casa de uma pessoas que também soube saltar por cima de todas essas pedras como tu.

Vocês são pessoas cheias de valor.

Uma beijoca grande,
Kitty

Only Words disse...

Kitty, obrigada. Sabes, mas aprender a saltar as pedras não é fácil, porque se cai muitas vezes, o que nos vai deixando mazelas para a vida. Cada dia é um novo dia ;)

Beijinho

B. disse...

Querida Only Words, penso que deu para subentender nas entrelinhas o que falas e devo dar-te os meus parabéns por hoje estares bem, viva, forte e capaz de referir o que passaste.

Analog Girl disse...

Only...estou arrepiada. Fico muito contente que tenhas superado essa batalha. Força nas que virão!
:)

R disse...

Faço minhas as palavras das pessoas que me antecederam. Força minha querida. É preciso muita perseverança, muito querer, muita vontade. Um beijinho e um abraço para ti

Maria disse...

O que é verdadeiramente importante é acreditarmos sempre que tudo é possivel..
Um grande beijinho

ela disse...

Só um beijo.
E um sorriso.
(:

ergela disse...

Como eu te compreendo amiga, viver um dia de cada vez, sem pressa, e acreditar sempre...sempre que vale a pena lutar pela vida, fala-te quem está a passar por uma situação algo grave, como a Kitty e muito bem escreveu "temos de passar por cima das pedras que nos aparecem pelo caminho".

Quero que saibas, seja o que tenha sido o teu problema, estou a reaprender tudo na vida, como tu.

Beijão meu.

Anónimo disse...

desculpa por so hoje vir ler o teu blog...
e qnto a este post...parabens!! passaram 10 anos e estás aqui!! superaste! um beijo enorme!

Only Words disse...

Obrigado a todos pelas palavras de carinho. Fico grata, mas deixem-me dizer que apenas coloquei este post para fazer ver a mim mesma, uma vez mais, que tudo na vida é possível de superar (ou quase!) ;)