quarta-feira, 7 de maio de 2008

A minha Avenida

Hoje, calcorreava eu a Av. 5 de Outubro, em Lisboa, a caminho de uma reunião de trabalho, quando dei por mim a pensar nas vezes que por ali já havia passado. É incrível a vida que as voltas dá. Lembro-me de passear por aquela artéria em miúda, de mão dada com a minha mãe. Recordo-me das vezes que por ali passei a caminho do Hospital Curry Cabral, da entrada das antigas instalações da RTP, da pastelaria onde era costume ir comprar um bolo. Passados tantos anos, esta grande rua lisboeta continua a acompanhar o meu percurso de vida. A TV do Estado mudou de lugar, a pastelaria já não existe e raramente recorro ao hospital da zona. Ainda assim, é nesta avenida que trabalho e onde encontro mensalmente a minha terapeuta.
As pedras daquela calçada sabem muito de mim, mais do que eu. Já me viram chorar, rir, desesperar e almejar. Há lugares assim, que sempre nos acompanharam, que nunca deixaram de fazer parte do nosso dia-a-dia, mas aos quais não lhe atribuímos importância. O mesmo acontece com algumas pessoas, aquelas que estão sempre ao nosso lado, mas que só lhe damos a devida importância quando um dia deixam de estar. Ao longo destas (quase) três décadas de vida, foram muitas as personagens que se cruzaram no meu caminho, naquele caminho, sem que soubessem quem sou. Como a vida, aquela avenida é apenas um local de passagem, que nos dá acesso a um destino. Muitos de nós trilhamos o mesmo percurso, mas só nos damos conta quando nos encontramos, um dia, na mesma esquina.
Quantas vezes vamos a par com alguém sem dar-mos conta desse mesmo alguém? Quantas vezes somos cegados pelo sol e deixamos de ver o brilho interior de quem nos acompanha? Quantas vezes optamos por atalhos que nos levam a lado nenhum? Quantas vezes caímos no mesmo buraco? Quantas oportunidades temos de trilhar este mesmo caminho?




Imagem CS

Até amanhã ou depois!

3 comentários:

Sara M. disse...

é isso mm. alguns sitios podem dizer tanto de nós.

e é verdade tb que nao damos valor às pessoas. e é tão estranho pensar que nos cruzamos tdos os dias c tanta gente e q na maior parte das vezes a apatia reina. cada um segue a sua vida. toda a gente corre e não dá importância a ninguém.

joana disse...

E já para não falar que aqui a brasa habita essa mesma avenida, n'est pas??
Eu sei, já tens saudaditas minhas ;)

Beijinhos :*

Anónimo disse...

Quantos? É uma bela questão!